I Aquela moça graciosa e bela Que passa sempre de vestido escuro E traz nos lábios um sorriso puro, Triste e formoso como os olhos dela... Diz que su’alma tímida e singela Já não tem coração: que o mundo impuro Para sempre o matou... e o seu futuro Foi-se n’um sonho, desmaiada estrela. Ela não sabe que o desgosto passa Nem que do orvalho a abençoada graça Faz reviver a planta que emurchece. Flávia! nas almas juvenis, formosas, Berço sagrado de jasmins e rosas, O coração não morre: ele adormece... II O coração não morre: ele adormece... E antes morresse o coração traído, Mulher que choras teu amor perdido, Amor primeiro que não mais se esquece! Quando tu vais rezar, quando anoitece, Beijas as contas do colar partido; E o coração n’um trêmulo gemido Vem perturbar a paz de tua prece. Reza baixinho, ó noiva desolada! E quando, à tarde, pela mesma estrada Chorando fores esse imenso amor... Geme de manso, juriti dolente! Vais acordar o coração doente... Não o despertes para nova dor. Auta de Souza. |
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
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