quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A SURRA DE BÍBLIA


Lutando no tratamento das irmãs obsidiadas, José e Chico Xavier
gastaram alguns meses até que surgisse a cura completa.
No princípio, porém, da tarefa assistencial houve uma noite em que José
foi obrigado a viajar em serviço da sua profissão de seleiro.
Mudara-se para Pedro Leopoldo um homem bom e rústico, de nome
Manuel, que o povo dizia muito experimentado em doutrinar espíritos das
trevas.
O irmão do Chico não hesitou e resolveu visitá-lo, pedindo cooperação.
Necessitava ausentar-se, mas o socorro às doentes não deveria ser
interrompido.
“Seu” Manuel aceitou o convite e, na hora aprazada, compareceu ao
“Centro Espírita Luiz Gonzaga”, com uma Bíblia antiga sob o braço direito.
A sessão começou eficiente e pacífica.
Como de outras vezes, depois das preces e instruções de abertura, o
Chico seria o médium para a doutrinação dos obsessores.
Um dos espíritos amigos incorporou-se, por intermédio dele, fornecendo a
precisa orientação e disse ao “seu” Manuel entre outras coisas:
— Meu amigo, quando o perseguidor infeliz apossar-se do médium,
aplique o Evangelho com veemência.
— Pois não, — respondeu o diretor muito calmo, — a vossa ordem será
obedecida.
E quando a primeira das entidades perturbadas assenhoreou o aparelho
mediúnico, exigindo assistência evangelizante, “seu” Manuel tomou a Bíblia de
grande formato e bateu, com ela, muitas vezes, sobre o crânio do Chico,
exclamando, irritadiço:
— Tome Evangelho! tome Evangelho!...
O obsessor, sob a influência de benfeitores espirituais da casa, afastou-se,
de imediato, e a sessão foi encerrada.
Mas o Chico sofreu intensa torção no pescoço e esteve seis dias de cama
para curar o torcicolo doloroso.
E, ainda hoje, ele afirma satisfeito que será talvez das poucas pessoas do
mundo que terão tomado “uma surra de Bíblia”...

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